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Uma das pequenas surpresas que ganhou uma popularidade turística foi o Ukulele, o cavaquinho havaiano, reportado como tendo sido levado por emigrantes madeirenses para o Havai. Conta a estória que após uma actuação entusiasmante, os havaianos, através do seu rei Kalakaua, começaram a incorporar o cavaquinho na sua música. Se nos parece que o fabrico do cavaquinho pode ter ajudado à música, nada na tradição musical portuguesa se compara aos sons havaianos que dali surgiram... Ao que parece os nativos não dão cavaco a essa estória oficial, e argumentam que a música é mais antiga. 
Talvez até a introdução do cavaquinho tivesse sido mais antiga, nalguma viagem Pacífica não registada, também levada a cabo por portugueses. Pragmaticamente o Rei Kalakaua teria concordado com a versão emigrante... afinal o que se teria passado noutras paragens Pacíficas não afigurava nada de pacífico.

Na página 230 da revista Panorama (Vol. 16) lê-se uma informação instrutiva:
- Os aborígenes australianos dividiam-se em dois grupos: - um de raça negra, semelhante à africana, e outro dos malaios-polinésios... que seria a raça dominante, e a única a impor resistência aos europeus.



Passados alguns anos, os aborígenes passaram a ser entendidos como sendo apenas os negros... os outros teriam desaparecido, como antevia já a revista Panorama. Dos malaios-polinésios podemos ter uma ideia do que se entendia como tal, olhando os Maoris da Nova Zelândia.
É muito natural que os maoris se estendessem da Nova Zelândia à Austrália, e não haveria aparente razão para excluir a Austrália das fixações dos polinésios, especialmente da sua costa oriental.
Já tinha aqui falado na possibilidade de um "reino pirata" na costa oriental australiana, para justificar as ilustrações dos mapas de Dieppe, e a prolongada ausência de exploração de um continente que ficava a distância de piroga das rotas comerciais dos portugueses, espanhóis, holandeses, franceses ou ingleses... Não tinha considerado a hipótese de um reino polinésio hostil, cujo destino se esfumou na historiografia oficial, até ler este apontamento numa revista da época. 
O genocídio associado à Black War dos anos 1830's é essencialmente reportado à Tasmânia e à raça aborígene negra, e nunca me lembro de ler nenhuma referência a malaios-polinésios... percebe-se agora porquê - desapareceram todos!

Por isso, dado o modo de resolução destes problemas Pacíficos, entendem-se as colaborações mais pacíficas doutros reis, nomeadamente de Kalakaua, ainda que um século antes a vida de Cook tivesse terminado nas ilhas havaianas em 1779, de forma algo similar à de Magalhães.

Os polinésios surgem como um dos últimos mistérios à navegação... a menos que se aceite a tese dos acidentes sucessivos, a sua colonização do maior oceano terrestre, espalhando-se por todas as ilhas pacíficas, faz parecer a história das navegações europeias como aquilo que é - uma fantochada completa!
Em 1947 alguns noruegueses mostraram como seria possível navegar entre a América e a Polinésia, através da viagem da jangada Kon-Tiki (aka Viracocha)... ainda me lembro de ver o livro da expedição na estante lá de casa, foi uma aventura que teve sucesso mundial à época!
No entanto, a estória que iria ser vendida no pós-guerra seria outra, e estas aventuras revelam-se mais como desventuras, a quem não soprarem os ventos da boa ventura. E em navegações com ventos tão adversos, melhor é recolher o velame, ou ousar uma navegação à bolina, como faziam as primeiras caravelas.

Nesse sentido há alguma informação interessante compilada no artigo da Wikipedia "Theory of Portuguese Discovery of Australia", onde se reúnem algumas informações relevantes pelo lado português. Já que o material recolhido em terras australianas parece desaparecer ou ser desacreditado, alinhando toda a documentação oficial na fabulosa teoria do "grande continente difícil de encontrar", é especialmente interessante o mapa de Nicola Desliens (que se inclui nos mapas de Dieppe):

Nicola Desliens (1566)

... e é especialmente interessante ver um mapa onde não aparece o Japão, por isso suspeitaremos baseado em original anterior a 1544, mas onde a extensão australiana começa delineada, com o nome Java Maior, e com as respectivas bandeirinhas portuguesas...

Mas, ao contrário do que é popularizado, descobrir não é encontrar, é retirar do encobrimento, e isso só pode ser feito identificando primeiro o que o encobre. Ora, o encobrir resulta normalmente de calculadas vantagens face ao descobrir... e até que se torne por demais evidente que é pior desvelar o encobridor do que o encoberto, os ventos continuam a soprar no sentido errado da História.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 07:52

Uma das pequenas surpresas que ganhou uma popularidade turística foi o Ukulele, o cavaquinho havaiano, reportado como tendo sido levado por emigrantes madeirenses para o Havai. Conta a estória que após uma actuação entusiasmante, os havaianos, através do seu rei Kalakaua, começaram a incorporar o cavaquinho na sua música. Se nos parece que o fabrico do cavaquinho pode ter ajudado à música, nada na tradição musical portuguesa se compara aos sons havaianos que dali surgiram... Ao que parece os nativos não dão cavaco a essa estória oficial, e argumentam que a música é mais antiga. 
Talvez até a introdução do cavaquinho tivesse sido mais antiga, nalguma viagem Pacífica não registada, também levada a cabo por portugueses. Pragmaticamente o Rei Kalakaua teria concordado com a versão emigrante... afinal o que se teria passado noutras paragens Pacíficas não afigurava nada de pacífico.

Na página 230 da revista Panorama (Vol. 16) lê-se uma informação instrutiva:
- Os aborígenes australianos dividiam-se em dois grupos: - um de raça negra, semelhante à africana, e outro dos malaios-polinésios... que seria a raça dominante, e a única a impor resistência aos europeus.



Passados alguns anos, os aborígenes passaram a ser entendidos como sendo apenas os negros... os outros teriam desaparecido, como antevia já a revista Panorama. Dos malaios-polinésios podemos ter uma ideia do que se entendia como tal, olhando os Maoris da Nova Zelândia.
É muito natural que os maoris se estendessem da Nova Zelândia à Austrália, e não haveria aparente razão para excluir a Austrália das fixações dos polinésios, especialmente da sua costa oriental.
Já tinha aqui falado na possibilidade de um "reino pirata" na costa oriental australiana, para justificar as ilustrações dos mapas de Dieppe, e a prolongada ausência de exploração de um continente que ficava a distância de piroga das rotas comerciais dos portugueses, espanhóis, holandeses, franceses ou ingleses... Não tinha considerado a hipótese de um reino polinésio hostil, cujo destino se esfumou na historiografia oficial, até ler este apontamento numa revista da época. 
O genocídio associado à Black War dos anos 1830's é essencialmente reportado à Tasmânia e à raça aborígene negra, e nunca me lembro de ler nenhuma referência a malaios-polinésios... percebe-se agora porquê - desapareceram todos!

Por isso, dado o modo de resolução destes problemas Pacíficos, entendem-se as colaborações mais pacíficas doutros reis, nomeadamente de Kalakaua, ainda que um século antes a vida de Cook tivesse terminado nas ilhas havaianas em 1779, de forma algo similar à de Magalhães.

Os polinésios surgem como um dos últimos mistérios à navegação... a menos que se aceite a tese dos acidentes sucessivos, a sua colonização do maior oceano terrestre, espalhando-se por todas as ilhas pacíficas, faz parecer a história das navegações europeias como aquilo que é - uma fantochada completa!
Em 1947 alguns noruegueses mostraram como seria possível navegar entre a América e a Polinésia, através da viagem da jangada Kon-Tiki (aka Viracocha)... ainda me lembro de ver o livro da expedição na estante lá de casa, foi uma aventura que teve sucesso mundial à época!
No entanto, a estória que iria ser vendida no pós-guerra seria outra, e estas aventuras revelam-se mais como desventuras, a quem não soprarem os ventos da boa ventura. E em navegações com ventos tão adversos, melhor é recolher o velame, ou ousar uma navegação à bolina, como faziam as primeiras caravelas.

Nesse sentido há alguma informação interessante compilada no artigo da Wikipedia "Theory of Portuguese Discovery of Australia", onde se reúnem algumas informações relevantes pelo lado português. Já que o material recolhido em terras australianas parece desaparecer ou ser desacreditado, alinhando toda a documentação oficial na fabulosa teoria do "grande continente difícil de encontrar", é especialmente interessante o mapa de Nicola Desliens (que se inclui nos mapas de Dieppe):

Nicola Desliens (1566)

... e é especialmente interessante ver um mapa onde não aparece o Japão, por isso suspeitaremos baseado em original anterior a 1544, mas onde a extensão australiana começa delineada, com o nome Java Maior, e com as respectivas bandeirinhas portuguesas...

Mas, ao contrário do que é popularizado, descobrir não é encontrar, é retirar do encobrimento, e isso só pode ser feito identificando primeiro o que o encobre. Ora, o encobrir resulta normalmente de calculadas vantagens face ao descobrir... e até que se torne por demais evidente que é pior desvelar o encobridor do que o encoberto, os ventos continuam a soprar no sentido errado da História.

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publicado às 07:52

Uma das pequenas surpresas que ganhou uma popularidade turística foi o Ukulele, o cavaquinho havaiano, reportado como tendo sido levado por emigrantes madeirenses para o Havai. Conta a estória que após uma actuação entusiasmante, os havaianos, através do seu rei Kalakaua, começaram a incorporar o cavaquinho na sua música. Se nos parece que o fabrico do cavaquinho pode ter ajudado à música, nada na tradição musical portuguesa se compara aos sons havaianos que dali surgiram... Ao que parece os nativos não dão cavaco a essa estória oficial, e argumentam que a música é mais antiga. 
Talvez até a introdução do cavaquinho tivesse sido mais antiga, nalguma viagem Pacífica não registada, também levada a cabo por portugueses. Pragmaticamente o Rei Kalakaua teria concordado com a versão emigrante... afinal o que se teria passado noutras paragens Pacíficas não afigurava nada de pacífico.

Na página 230 da revista Panorama (Vol. 16) lê-se uma informação instrutiva:
- Os aborígenes australianos dividiam-se em dois grupos: - um de raça negra, semelhante à africana, e outro dos malaios-polinésios... que seria a raça dominante, e a única a impor resistência aos europeus.



Passados alguns anos, os aborígenes passaram a ser entendidos como sendo apenas os negros... os outros teriam desaparecido, como antevia já a revista Panorama. Dos malaios-polinésios podemos ter uma ideia do que se entendia como tal, olhando os Maoris da Nova Zelândia.
É muito natural que os maoris se estendessem da Nova Zelândia à Austrália, e não haveria aparente razão para excluir a Austrália das fixações dos polinésios, especialmente da sua costa oriental.
Já tinha aqui falado na possibilidade de um "reino pirata" na costa oriental australiana, para justificar as ilustrações dos mapas de Dieppe, e a prolongada ausência de exploração de um continente que ficava a distância de piroga das rotas comerciais dos portugueses, espanhóis, holandeses, franceses ou ingleses... Não tinha considerado a hipótese de um reino polinésio hostil, cujo destino se esfumou na historiografia oficial, até ler este apontamento numa revista da época. 
O genocídio associado à Black War dos anos 1830's é essencialmente reportado à Tasmânia e à raça aborígene negra, e nunca me lembro de ler nenhuma referência a malaios-polinésios... percebe-se agora porquê - desapareceram todos!

Por isso, dado o modo de resolução destes problemas Pacíficos, entendem-se as colaborações mais pacíficas doutros reis, nomeadamente de Kalakaua, ainda que um século antes a vida de Cook tivesse terminado nas ilhas havaianas em 1779, de forma algo similar à de Magalhães.

Os polinésios surgem como um dos últimos mistérios à navegação... a menos que se aceite a tese dos acidentes sucessivos, a sua colonização do maior oceano terrestre, espalhando-se por todas as ilhas pacíficas, faz parecer a história das navegações europeias como aquilo que é - uma fantochada completa!
Em 1947 alguns noruegueses mostraram como seria possível navegar entre a América e a Polinésia, através da viagem da jangada Kon-Tiki (aka Viracocha)... ainda me lembro de ver o livro da expedição na estante lá de casa, foi uma aventura que teve sucesso mundial à época!
No entanto, a estória que iria ser vendida no pós-guerra seria outra, e estas aventuras revelam-se mais como desventuras, a quem não soprarem os ventos da boa ventura. E em navegações com ventos tão adversos, melhor é recolher o velame, ou ousar uma navegação à bolina, como faziam as primeiras caravelas.

Nesse sentido há alguma informação interessante compilada no artigo da Wikipedia "Theory of Portuguese Discovery of Australia", onde se reúnem algumas informações relevantes pelo lado português. Já que o material recolhido em terras australianas parece desaparecer ou ser desacreditado, alinhando toda a documentação oficial na fabulosa teoria do "grande continente difícil de encontrar", é especialmente interessante o mapa de Nicola Desliens (que se inclui nos mapas de Dieppe):

Nicola Desliens (1566)

... e é especialmente interessante ver um mapa onde não aparece o Japão, por isso suspeitaremos baseado em original anterior a 1544, mas onde a extensão australiana começa delineada, com o nome Java Maior, e com as respectivas bandeirinhas portuguesas...

Mas, ao contrário do que é popularizado, descobrir não é encontrar, é retirar do encobrimento, e isso só pode ser feito identificando primeiro o que o encobre. Ora, o encobrir resulta normalmente de calculadas vantagens face ao descobrir... e até que se torne por demais evidente que é pior desvelar o encobridor do que o encoberto, os ventos continuam a soprar no sentido errado da História.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 23:52

Quando o Cardeal Saraiva escreve um texto sobre o Infante D. Henrique, é claro que não pode deixar de se queixar das pretensões francesas sobre os mesmos territórios africanos. No seu estilo sarcástico, ataca uma referência do Padre Labat à presença de marinheiros de Dieppe para além do Senegal e Serra Leoa, em 1364. Esse comércio teria levado mesmo à construção de uma igreja na zona da Mina (segundo d'Avezac, ocorrida em 1383).
Enuncia facilmente as razões, que se resumem basicamente ao facto dos franceses não se terem pronunciado sobre a existência de descobertas suas, aquando da divisão de Tordesilhas, ou do anti-meridiano. Só muito depois, os franceses teriam começado a referir esses descobrimentos... mas faltavam-lhes monumentos que comprovassem a evidência de tal presença anterior, afirmando feitorias de Cabo Verde até à Mina.  

Este problema ocorre quando a História é construída sob uma fábula de jogos e problemas políticos... Depois, quando a posição se torna dominante e vencedora, é fácil aparecer com uma versão para a reescrita dessa História. Fariam sentido estes relatos dos marinheiros de Dieppe?
- Claro que sim!
Nada impedia as navegações ao sul do Bojador, tirando as imposições internas na Europa!
Como é fácil observar a navegação pelo Mediterrâneo, do Estreito de Gibraltar até à Terra Santa era superior à navegação pela costa de África até à Serra Leoa... 
Semelhantes distâncias marítimas a partir do estreito: 
até à Terra Santa (linha vermelha), e até à Serra Leoa (linha branca)

Tanto mais que o Mediterrâneo tinha a dificuldade adicional de navegação sob ataque muçulmano que começava logo na passagem do Estreito (até à conquista de Gibraltar e Ceuta, no Séc. XV, ambos os lados estavam sob controlo muçulmano). E como é óbvio, a navegação nunca seguiu a linha de costa... seria ridículo seguir pela costa espanhola, francesa, ou ainda contornar a península italiana.
Por isso, é óbvio que as navegações até à Guiné do Infante D. Henrique longe de serem primeiras, estavam ainda longe de se referir apenas à Guiné africana. Como vimos dizendo, há mais de um ano, Guiné era um termo que se aplicava inicialmente a vários territórios, muito em particular à América. Quando D. João II diz que as descobertas de Colombo estão no seu senhorio da Guiné, é fácil perceber a extensão do termo.

A importância relativa do Infante D. Henrique é quase a mesma de Colombo... ambos tiveram uma chancela do poder que lhes daria ao longo da História a prevalência de descobrimentos, apenas correcta no sentido do termo "descobrimento = retirar do encobrimento instituído".  
Sob esta perspectiva, o papel do Infante D. Henrique é muito maior do que tudo o que se segue... é ele o primeiro a conseguir a autorização de alargar o conhecimento oficial do mundo europeu, desde a Antiguidade, antes restringido ao espaço ptolomaico.

A continuidade desses descobrimentos só vai ser quebrada pela persistência em não revelar a parte americana acima da Califórnia, e a Austrália. Esse hiato é quebrado pela viagem de Cook... 

Tal como no caso dos mapas de Pedro Reinel, em que os territórios americanos aparecem ocultados, mas podem ser vistos pela rotação dos mapas, volta a ser necessário ocultar a Austrália nos novos mapas. Já apresentámos como Buache e Brouscon fizeram isso... há outros casos portugueses, também!

Porém, um exemplo simples de verificar obtém-se usando dois mapas de Dieppe, voltando-se a repetir a técnica de Reinel (motto deste blog). 
O autor usa dois mapas, faz uma inversão e reflexão... obtendo-se directamente:
- Até as paisagens dos mapas distintos colam... o que há mais a dizer?
Os mapas de Dieppe contêm ilustrações interessantes, conforme já explicámos aqui (... há seis meses atrás).
O que se torna claro nestes mapas é porque razão a visita de Tasman em 1642 apenas revelou a parte ocidental/norte, onde se encontrariam os aborígenes. A parte oriental da ilha, não "descoberta" por Tasman, aparece assim povoada por "europeus", conforme se torna "claro" pelo seu aspecto.

- Quem são?
Já aqui explicámos que o Senado de Cartago tinha decretado pena de morte a quem fosse para os territórios paradisíacos. Haveria sempre o perigo iminente de que fartos da opressão do poder, os navegadores decidissem ser refractários e fazer vida numa ilha paradisíaca. Foi o que aconteceu com a Bounty (ver também filme ganhador de Oscar em 1935)...

Porém, isso foi uma situação pontual. Poderia perfeitamente acontecer algo muito mais organizado e coordenado... ou seja, haver um grupo razoavelmente grande, revoltado com a situação opressiva na Europa, liderado por capitães (ou ainda aristocratas, ou um príncipe...), que teria visto como possibilidade efectiva definir um novo reino, afastado da opressão imperial europeia. Melhor ainda, oferecia-se com um excelente clima! 

Isto seria um teste ao longo braço do Senado do Império Ocidental... 
Até que algum reino se dispusesse a terminar com essa faceta refractária, haveria um autêntico "Reino Pirata" situado algures na Austrália. Não estando sob domínio ocidental (tal como Fusang), não seria reconhecido, e o território ficou sob ocultação (mesmo a parte declarada por Tasman).
Até que, após a Guerra dos Sete Anos, passados 60 longos anos após o Longitude Prize, um dos participantes notabilizado na Batalha das Planícies de Abraão, o capitão James Cook, tem finalmente autorização para viajar e traçar mapas da Austrália.
Batalha das Planícies de Abraão, 1759 - morte do general Wolfe.
(uma enorme torre, supostamente de Québec, 
avista-se ao fundo, entre as nuvens, à esquerda)

Depois, como já referimos ocorre o episódio da extinção dos "aborígenes da Tasmânia", consumada na Black War... é de assinalar que no mapa de Dieppe, a Tasmânia está então representada como "ilha de gigantes", e o desenho indicaria a prática de canibalismo. É mais um problema de Gulliver...

Aos ingleses tinha sido outorgada a parte final da descoberta... 
Descobertas que começam com o Infante D. Henrique, mas também com a escravatura reintroduzida na bula papel que consagra a si os domínios da Guiné... Descobrimentos que continuam com os espanhóis, após Colombo, mas com uma quase extinção dos Aztecas, Incas, Maias, etc... Terminam na Austrália e na parte ocidental da América do Norte (cf Fusang), de forma igualmente dramática. O avanço que parece surgir, tem uma descompensação na ética e moral cristã...

Napoleão surge assim após as últimas descobertas inglesas... fora de tempo! Poderia ter sido Magno, como Alexandre, porém o Corso juntou-se ao Carnaval, no bloco dos napoleões retintos...

 

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publicado às 06:00

Quando o Cardeal Saraiva escreve um texto sobre o Infante D. Henrique, é claro que não pode deixar de se queixar das pretensões francesas sobre os mesmos territórios africanos. No seu estilo sarcástico, ataca uma referência do Padre Labat à presença de marinheiros de Dieppe para além do Senegal e Serra Leoa, em 1364. Esse comércio teria levado mesmo à construção de uma igreja na zona da Mina (segundo d'Avezac, ocorrida em 1383).
Enuncia facilmente as razões, que se resumem basicamente ao facto dos franceses não se terem pronunciado sobre a existência de descobertas suas, aquando da divisão de Tordesilhas, ou do anti-meridiano. Só muito depois, os franceses teriam começado a referir esses descobrimentos... mas faltavam-lhes monumentos que comprovassem a evidência de tal presença anterior, afirmando feitorias de Cabo Verde até à Mina.  

Este problema ocorre quando a História é construída sob uma fábula de jogos e problemas políticos... Depois, quando a posição se torna dominante e vencedora, é fácil aparecer com uma versão para a reescrita dessa História. Fariam sentido estes relatos dos marinheiros de Dieppe?
- Claro que sim!
Nada impedia as navegações ao sul do Bojador, tirando as imposições internas na Europa!
Como é fácil observar a navegação pelo Mediterrâneo, do Estreito de Gibraltar até à Terra Santa era superior à navegação pela costa de África até à Serra Leoa... 
Semelhantes distâncias marítimas a partir do estreito: 
até à Terra Santa (linha vermelha), e até à Serra Leoa (linha branca)

Tanto mais que o Mediterrâneo tinha a dificuldade adicional de navegação sob ataque muçulmano que começava logo na passagem do Estreito (até à conquista de Gibraltar e Ceuta, no Séc. XV, ambos os lados estavam sob controlo muçulmano). E como é óbvio, a navegação nunca seguiu a linha de costa... seria ridículo seguir pela costa espanhola, francesa, ou ainda contornar a península italiana.
Por isso, é óbvio que as navegações até à Guiné do Infante D. Henrique longe de serem primeiras, estavam ainda longe de se referir apenas à Guiné africana. Como vimos dizendo, há mais de um ano, Guiné era um termo que se aplicava inicialmente a vários territórios, muito em particular à América. Quando D. João II diz que as descobertas de Colombo estão no seu senhorio da Guiné, é fácil perceber a extensão do termo.

A importância relativa do Infante D. Henrique é quase a mesma de Colombo... ambos tiveram uma chancela do poder que lhes daria ao longo da História a prevalência de descobrimentos, apenas correcta no sentido do termo "descobrimento = retirar do encobrimento instituído".  
Sob esta perspectiva, o papel do Infante D. Henrique é muito maior do que tudo o que se segue... é ele o primeiro a conseguir a autorização de alargar o conhecimento oficial do mundo europeu, desde a Antiguidade, antes restringido ao espaço ptolomaico.

A continuidade desses descobrimentos só vai ser quebrada pela persistência em não revelar a parte americana acima da Califórnia, e a Austrália. Esse hiato é quebrado pela viagem de Cook... 

Tal como no caso dos mapas de Pedro Reinel, em que os territórios americanos aparecem ocultados, mas podem ser vistos pela rotação dos mapas, volta a ser necessário ocultar a Austrália nos novos mapas. Já apresentámos como Buache e Brouscon fizeram isso... há outros casos portugueses, também!

Porém, um exemplo simples de verificar obtém-se usando dois mapas de Dieppe, voltando-se a repetir a técnica de Reinel (motto deste blog). 
O autor usa dois mapas, faz uma inversão e reflexão... obtendo-se directamente:
- Até as paisagens dos mapas distintos colam... o que há mais a dizer?
Os mapas de Dieppe contêm ilustrações interessantes, conforme já explicámos aqui (... há seis meses atrás).
O que se torna claro nestes mapas é porque razão a visita de Tasman em 1642 apenas revelou a parte ocidental/norte, onde se encontrariam os aborígenes. A parte oriental da ilha, não "descoberta" por Tasman, aparece assim povoada por "europeus", conforme se torna "claro" pelo seu aspecto.

- Quem são?
Já aqui explicámos que o Senado de Cartago tinha decretado pena de morte a quem fosse para os territórios paradisíacos. Haveria sempre o perigo iminente de que fartos da opressão do poder, os navegadores decidissem ser refractários e fazer vida numa ilha paradisíaca. Foi o que aconteceu com a Bounty (ver também filme ganhador de Oscar em 1935)...

Porém, isso foi uma situação pontual. Poderia perfeitamente acontecer algo muito mais organizado e coordenado... ou seja, haver um grupo razoavelmente grande, revoltado com a situação opressiva na Europa, liderado por capitães (ou ainda aristocratas, ou um príncipe...), que teria visto como possibilidade efectiva definir um novo reino, afastado da opressão imperial europeia. Melhor ainda, oferecia-se com um excelente clima! 

Isto seria um teste ao longo braço do Senado do Império Ocidental... 
Até que algum reino se dispusesse a terminar com essa faceta refractária, haveria um autêntico "Reino Pirata" situado algures na Austrália. Não estando sob domínio ocidental (tal como Fusang), não seria reconhecido, e o território ficou sob ocultação (mesmo a parte declarada por Tasman).
Até que, após a Guerra dos Sete Anos, passados 60 longos anos após o Longitude Prize, um dos participantes notabilizado na Batalha das Planícies de Abraão, o capitão James Cook, tem finalmente autorização para viajar e traçar mapas da Austrália.
Batalha das Planícies de Abraão, 1759 - morte do general Wolfe.
(uma enorme torre, supostamente de Québec, 
avista-se ao fundo, entre as nuvens, à esquerda)

Depois, como já referimos ocorre o episódio da extinção dos "aborígenes da Tasmânia", consumada na Black War... é de assinalar que no mapa de Dieppe, a Tasmânia está então representada como "ilha de gigantes", e o desenho indicaria a prática de canibalismo. É mais um problema de Gulliver...

Aos ingleses tinha sido outorgada a parte final da descoberta... 
Descobertas que começam com o Infante D. Henrique, mas também com a escravatura reintroduzida na bula papel que consagra a si os domínios da Guiné... Descobrimentos que continuam com os espanhóis, após Colombo, mas com uma quase extinção dos Aztecas, Incas, Maias, etc... Terminam na Austrália e na parte ocidental da América do Norte (cf Fusang), de forma igualmente dramática. O avanço que parece surgir, tem uma descompensação na ética e moral cristã...

Napoleão surge assim após as últimas descobertas inglesas... fora de tempo! Poderia ter sido Magno, como Alexandre, porém o Corso juntou-se ao Carnaval, no bloco dos napoleões retintos...

 

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  141. O
  142. N
  143. D