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Theatrum Mundi

07.05.10
No final do séc. XVI aparece um mapa com a designação "Theatrum Mundi", atribuído inicialmente a João Lavanha em 1597 (e a Luis Teixeira com eventual conclusão c. 1612, de acordo com a Portugaliae Monumenta Cartographica), mas provavelmente baseado num mapa português muito anterior:
Theatrum Mundi (cópia) - João Lavanha, Luis Teixeira (c. 1597-1612)

Apesar de aparentar algumas presumíveis incorrecções demasiado evidentes (a sempre oculta Austrália, propositadamente confundida com a Antártida e com o nome Nova Guiné), este é talvez um dos exemplares portugueses mais interessantes dos que restam intactos, apresentando todo o mundo.
Em particular apresenta o Estreito de Anian, que não se chamava Estreito de Bering, pois quem "descobriu" esse Estreito - o explorador Vitus Bering (1681-1741) - ainda não era tampouco nascido...
Apresenta de forma muito rigorosa toda a Passagem Noroeste (realizada por Amundsen em 1906), e também a Passagem do Nordeste que deverá ter sido navegada por David Melgueiro em 1660-62, mas que é atribuída a Nordenskjold em 1878-79.
O mapa português insiste em não usar a projecção de Mercator, e tirando esse aspecto, não será muito diferente de um mapa anterior (c. 1570) do famoso Abraham Ortelius:

Também Ortelius apresenta uma possibilidade para ambas as passagens, e a representação sugere o Estreito de Anian (onde está o Anian Regnum)... no entanto, não é a mesma coisa!
A representação do continente americano era, no final do Séc. XVI, muito melhor do que em mapas posteriores. Damos como exemplo, um mapa c. 1630, de Hondius, talvez um dos melhores do Séc. XVII, mas onde já desapareceu o Estreito de Anian... e qualitativamente inferior até ao mapa de João de Lisboa (o do logotipo alvor-silves) publicado um século antes.
Jodocus Hondius (c. 1630)

Até à viagem do "Captain Cook" em 1768-71, a parte ocidental da América do Norte foi-se desvanecendo dos mapas. A Austrália seria pontualmente representada, apenas na sua parte ocidental, após as viagens de Tasman (1642-44). Ver, por exemplo, G. Delisle (c.1700).
Após a restauração de independência, praticamente deixam de se encontrar mapas relevantes, de origem portuguesa. Será um caso de estudo em que uma nação evolui no tempo, mas perde toda a sua capacidade intelectual para as gerações seguintes.

Análise do Mapa Theatrum Mundi
O mapa Theatrum Mundi de João Baptista Lavanha é provavelmente um último grito abafado, realizado a pedido de Catarina de Bragança.
Nele encontramos uma distorção provocada por duas rosas-do-vento polares, alguma imprecisão nos contornos dessa parte americana (tal como em África), mas que retrata fielmente os detalhes e contornos na "parte obscura" da América: Alasca e Canadá. Se seguirmos a linha de costa encontramos correspondentes em (quase) todos os casos (p. ex. Baía de Hudson - 1611, Baía de Baffin-1616) , o que não se verifica sempre com o mapa de Ortelius. Também clara é a diferença no contorno da Rússia setentrional. Em Lavanha, já é possível nomear Nova Zembla, descoberta por Barents em 1597, que aí morre.
A realização de tal mapa só seria justificável por uma coincidência muito para além do razoável, e como tal este mapa não faz parte da "colecção oficial", encontrando-se ainda assim na Portugallia Monumenta Cartographica, de 1960.
É actualmente quase desconhecido, pois mais uma vez foi concedida à nova geração o privilégio de se esquecer da anterior.
Terras na América Setentrional no Theatrum Mundi (de oeste-leste, norte-sul):
- Mendocino, Quiuira Regio, Anian Regio, Bergi Regio,
- Agama, Canaoga, Tolm,
- Chiugigua, Cogibel, Albardos, Zubgara, Sete Cidades, Nova Granada,
- Avanares, Capaschi, Florida, Cossa, Tagil
- Saguena, Ochalaga, Apalache n,
- Canadaa, Norumberga
- Stotilano, Aratoris, Terra Nova dos Bacalhaos

Há dois lagos nomeados:
- Conibas (provavelmente a entrada do Mar Beaufort na Baía Amundsen)
- Mar Doce (provavelmente a baía de Hudson)
Talvez o mais interessante seja ainda o nome:
- Mar Vermelho: actualmente o Golfo da Califórnia
Esta designação encontra-se noutros mapas. Convém notar que o outro mar vermelho seria então designado Mar Arábico (havendo ainda o Mar Pérsico).
Não vou entrar em detalhes sobre toda a confusão que pode existir quando se referem coisas que se passaram no Mar Vermelho, confundindo Califórnia com Arábia... Não deixo de salientar que a Califórnia foi também vista como uma terra prometida, e que no prolongamento do Rio Colorado encontramos a inscrição Ceuola e depois Sete Cidades (referindo-se provavelmente às Sete Cidades de Cíbola... ou será Cebola?)
Quanto às outras designações também muito há a dizer... por exemplo, Agama é entendida como uma palavra em sanscrito referindo-se a um dos vedas. Há um Canaoga Park na Califórnia, etc... mas uma parte destes nomes estranhos perdeu-se nos mitos dos tempos.
Encobrimentos...
Como é fácil concluir, a política de encobrimentos manteve-se mesmo após as descobertas portuguesas, e até à viagem de Cook. A viagem de Cook, quase contemporânea da Revolução de Independência Americana marcou definitivamente o fim da ocultação de uma parte considerável do mundo.
De c. 1600 até 1771, o mundo que era "descoberto", ou melhor, não era "encoberto", não incluía metade da Austrália e Nova Zelândia, Havai, ou ainda a parte norte da América, acima da Califórnia.
O que se passou nessa parte "encoberta", e perfeitamente habitável, durante mais de dois séculos? O que determinou o seu fim, caso tenha havido "fim"?

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publicado às 02:28


5 comentários

De Anónimo a 11.05.2010 às 06:14

Caro Alvor Silves

Ainos foram os japoneses primitivos.
São caucasianos, e é a eles que se deve o Período Jómon, do Jãpão.
As peças dessa época, que pude vêr, são fabulosas.
Em metal trabalhado, claro!
Que Ksishaor, de quem descendem, ficou conhecido pelo Homem da Falcata de Ouro.

O Projecto Arqueológico Sican, procurou encontrar eventuais semelhanças entre o DNA do Povo do Lambayeque que viveu até há cerca de 1100 anos, em Pomac no Perú, e os povos do Equador, Colômbia, Sibéria Tawain e Japão.
Foi utilizada nesta pesquiza, inclusivé o DNA de Lord of Sican, e o resultado, revelou características identicas ao dos Ainous do Japão, que se concentram na região de Nagasaki.

Aino, em japonês significa Humano, o que não deixa de ser curioso, e corresponde ao Onai ou Onah, da Língua Konii, que passou a Aino, durante a dispersão do Povo Konii pela Europa.
Onai é Um, Uno, Una.

E se se recorda dos Tainos que os Castelhanos exterminaram, diziam os padres franceses que ainda os conheceram e estudaram a sua língua, que ela era idêntica ao Hebraico Antigo.

Previsivelmente, para nós, claro!
E para mais alguém, que viveu nessa época.
Por isso os Tai-nous, não passaram à Época seguinte.

Nagasakhi não foi só simbólico.
Como tudo o que estes desvairados fazem, foi muito bem calculado.
Lembra-se de Konisberg, na antiga Prússia, a Cidade das Sete Pontes?
Hoje chama-se Kalininegrado, e foi integrada na Rússia.
Por acaso?
Deve ter sido....

Dados, caro Alvor Silves é coisa que não irá faltar!

Maria da Fonte

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